Com troca de 22 secretários em menos de três anos, Raquel Lyra implanta “estado de mudança em Pernambuco”
Por Larissa Rodrigues – Repórter do blog
A saída de duas figuras importantes do governo de Raquel Lyra (PSD) na mesma semana não deixa de ser mais um desgaste para a gestão, por dois motivos principais. Primeiro, porque já são 22 nomes substituídos em menos de três anos de administração — quase um secretariado inteiro. Isso demonstra dificuldades da governadora em montar time e gerir equipes. Pernambuco realmente vive um “estado de mudança” desde 2023.
É natural que, em uma gestão de quatro anos, haja algum ajuste aqui ou ali, trocas pontuais, às vezes por motivos pessoais daqueles que deixam os cargos. Mas 22 pessoas em menos de três anos é, no mínimo, curioso.
Segundo, porque Raquel Lyra está em um momento de baixa nas pesquisas de intenção de voto ante o seu provável oponente, o prefeito do Recife, João Campos (PSB). Por essa razão, a gestora tem um adversário ainda mais duro do que o socialista: o tempo.
Se quiser buscar a reeleição, Raquel não tem muito tempo para convencer os pernambucanos e pernambucanas de que seu governo deu certo e merece mais quatro anos. Faltam praticamente três meses para a governadora entrar em seu último ano como chefe do Poder Executivo — justamente o ano eleitoral.
O momento é de Raquel tentar reverter a desvantagem para João e entrar em 2026 competitiva para a disputa. Mas, com gente saindo do governo e sempre deixando a imagem de que o problema foi na relação interna — ou com a própria governadora, ou com pessoas próximas a ela —, fica difícil dizer que a gestão está no rumo certo.
Há informações de bastidores de que o ex-secretário da Fazenda, Wilson de Paula, de uma das pastas mais importantes, e a secretária da Controladoria-Geral, Érika Lacet, responsável pela auditoria interna do governo, deixaram a administração para não lidar com a vice-governadora, Priscila Krause, nos 15 dias de licença de Raquel, em outubro.
Independentemente das razões, são mais duas baixas, justo em uma fase da gestão Raquel Lyra de busca pela transformação da imagem de governo atrapalhado e ruim de diálogo para governo que vai bem e merece continuar — ou seja, momento de evitar desgaste.
Discurso para as mulheres cai por terra – Também complicou para Raquel Lyra manter o discurso feminista. A 22ª mudança no secretariado da gestora, com a saída de Érika Lacet da Controladoria-Geral, marcou o encolhimento da participação de mulheres auxiliares diretas da primeira mulher eleita governadora de Pernambuco. Ao assumir o cargo, em 2023, Raquel prometeu protagonismo feminino nomeando 13 secretárias e 14 secretários. Dois anos e oito meses depois, das 30 secretarias atuais, apenas dez têm mulheres como titulares. Um encolhimento de 48% para 33% de participação feminina no primeiro escalão.
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