As rezas dos pastores de Bolsonaro e de Milton Ribeiro podem ter sido mais fracas do que as orações dos vampiros que tentavam vender vacinas inexistentes dentro do Ministério da Saúde, enquanto o governo sabotava a vacinação.
O balcão de negócios com Bíblias e barras de ouro foi denunciado em março deste ano, quando apareceu pela primeira vez (que se dê o crédito) no Estadão. Já as quadrilhas das vacinas foram expostas desde junho do ano passado pelo deputado Luis Miranda.
Ribeiro e alguns pastores já estão presos, e não há nenhum vampiro encarcerado. A gangue dos pastores ainda não se submeteu aos constrangimentos de nenhuma CPI. Os vampiros foram investigados durante seis meses por uma comissão do Senado.
A CPI dos vampiros pediu ao Ministério Público o indiciamento de 79 pessoas em outubro do ano passado. Até os morcegos amigos dos vampiros sabem que 13 desses nomes têm foro privilegiado e que seus casos precisam ser destravados pela Procuradoria-Geral da República.
Sabe-se que a PGR travou os pedidos de indiciamento e que até agora solicitou ao Supremo apenas o arquivamento da acusação contra o deputado Ricardo Barros, um dos apontados pela intermediação na venda de vacinas. O pedido foi aceito pela ministra Rosa Weber.
Sabe-se que os inquéritos não andam na PGR porque envolvem Bolsonaro, os filhos Flavio e Eduardo, Braga Netto e Marcelo Queiroga e mais Carla Zambelli, Onyx Lorenzoni, Bia Kicis, Osmar Terra e outros, citados pelos mais variados delitos.
Facções que agiram em várias frentes estão conectadas, em muitos casos, com gente com foro especial. Há civis e militares na relação de pedidos de indiciamentos. Há coronéis, médicos, empresários.
Mas há também denunciados sem relação direta com os chefões que gozavam ou ainda gozam de proteção especial no governo ou no Congresso, o que significa que as sindicâncias poderiam avançar longe das trincheiras da PGR.
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