A ofensiva tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra diversos países tem gerado reações em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. O que deveria ser uma guerra comercial histórica lançada pelo chefe de estado americano contra outras nações, agora se intensificou contra um alvo: a China.
Em contrapartida, Pequim fez questão de deixar claro que não se curvará à pressão feita pelo governo americano. O presidente da China, Xi Jinping, afirmou na última sexta-feira, que seu país “não tem medo” do embate comercial.
Para analisar o cenário atual, a Folha de Pernambuco ouviu especialistas sobre os desdobramentos da guerra comercial e como ela pode abrir novas oportunidades para o Brasil, ainda que com riscos significativos.
Na avaliação dele, a nova configuração global impulsionada pela política tarifária americana poderá ampliar as oportunidades de investimento chinês no Brasil e favorecer a renegociação do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. “Vai estabelecer novos paradigmas do ponto de vista político”, acrescentou.
Segundo Cavalcanti, as tensões geradas por Trump ajudam a consolidar um ambiente mais favorável ao atual governo brasileiro. “O que nós vamos ter aqui em termos de benefícios econômicos produtivos para a economia brasileira vai repercutir positivamente no âmbito político e na governança da atual presidência do Lula”, defendeu.
Gomes destaca ainda a estratégia econômica de Donald Trump por trás da aparência caótica das medidas. “O objetivo final do Trump é reduzir o déficit público americano”, afirmou. Entre os caminhos para isso, ele aponta duas frentes: desvalorizar propositalmente o dólar e renegociar os regimes de comércio internacional estabelecidos no pós-Segunda Guerra Mundial.
Já Elton Gomes explica que o comportamento do presidente americano tem raízes em sua longa trajetória no setor privado. “Ele defende a ideia de fazer exigências absurdas para conseguir as máximas concessões. Ele tem negociado assim no mercado financeiro há décadas”, afirmou. Para o professor, a reviravolta da última semana — em que Trump recuou de parte das tarifas para todos os países, com exceção da China, após forte reação dos mercados — é coerente com sua estratégia de sempre agir de forma imprevisível, ainda que com um objetivo traçado.
“Há a possibilidade de o Brasil ter ainda mais acesso ao mercado chinês do que já tem atualmente, uma vez que o comércio entre Estados Unidos e China está em rota de colisão. Hoje, os dois países já se tratam não apenas como concorrentes, mas como adversários. Esse cenário pode acabar beneficiando o Brasil”, analisou Elton.
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