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As consequências e o que está por trás da guerra tarifária

 

A ofensiva tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra diversos países tem gerado reações em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. O que deveria ser uma guerra comercial histórica lançada pelo chefe de estado americano contra outras nações, agora se intensificou contra um alvo: a China.

Em contrapartida, Pequim fez questão de deixar claro que não se curvará à pressão feita pelo governo americano. O presidente da China, Xi Jinping, afirmou na última sexta-feira, que seu país “não tem medo” do embate comercial.

Para analisar o cenário atual, a Folha de Pernambuco ouviu especialistas sobre os desdobramentos da guerra comercial e como ela pode abrir novas oportunidades para o Brasil, ainda que com riscos significativos.

Brasil
Para o titular da coluna “Um Ponto de Vista do Marco Zero” da Folha, Luiz Otávio Cavalcanti, a postura de confronto adotada por Trump contra parceiros comerciais históricos pode acabar beneficiando o Brasil. “Trump vai salvar o governo Lula, porque vai abrir uma avenida chinesa”, afirmou, em entrevista ao programa No Cafezinho, da Folha.

Na avaliação dele, a nova configuração global impulsionada pela política tarifária americana poderá ampliar as oportunidades de investimento chinês no Brasil e favorecer a renegociação do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. “Vai estabelecer novos paradigmas do ponto de vista político”, acrescentou.

Segundo Cavalcanti, as tensões geradas por Trump ajudam a consolidar um ambiente mais favorável ao atual governo brasileiro. “O que nós vamos ter aqui em termos de benefícios econômicos produtivos para a economia brasileira vai repercutir positivamente no âmbito político e na governança da atual presidência do Lula”, defendeu.

Comércio
Elton Gomes, doutor em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI), defende que “é preciso compreender a guerra tarifária dentro de uma perspectiva mais ampla, pois ela é parte da competição pela hegemonia global”. Para ele, a imposição de tarifas não é um ato isolado, mas mais um capítulo da disputa entre os Estados Unidos e a China, que se manifesta também em áreas como o Canal do Panamá, a guerra na Ucrânia e os conflitos no Mar do Sul da China.

Gomes destaca ainda a estratégia econômica de Donald Trump por trás da aparência caótica das medidas. “O objetivo final do Trump é reduzir o déficit público americano”, afirmou. Entre os caminhos para isso, ele aponta duas frentes: desvalorizar propositalmente o dólar e renegociar os regimes de comércio internacional estabelecidos no pós-Segunda Guerra Mundial.

Instabilidade
Apesar de enxergar possíveis benefícios ao Brasil, Luiz Otávio Cavalcanti também criticou o modelo de governança representado por Trump e reproduzido por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. “É um perfil absolutamente desconectado da modernidade”, avaliou. Segundo ele, a economia é sensível à previsibilidade e à racionalidade, características ausentes na condução de Trump. “A economia gosta de racionalidade e de consistência”.

Já Elton Gomes explica que o comportamento do presidente americano tem raízes em sua longa trajetória no setor privado. “Ele defende a ideia de fazer exigências absurdas para conseguir as máximas concessões. Ele tem negociado assim no mercado financeiro há décadas”, afirmou. Para o professor, a reviravolta da última semana — em que Trump recuou de parte das tarifas para todos os países, com exceção da China, após forte reação dos mercados — é coerente com sua estratégia de sempre agir de forma imprevisível, ainda que com um objetivo traçado.

Brasil
Os analistas convergem ao reconhecer que o Brasil pode colher efeitos positivos da atual turbulência internacional. Se por um lado a crise tarifária gera instabilidade, por outro pode reposicionar o Brasil no xadrez comercial global. A ampliação dos laços com a China, o possível enfraquecimento de normas protecionistas e a necessidade de novos acordos comerciais podem favorecer países em busca de maior inserção internacional. 

“Há a possibilidade de o Brasil ter ainda mais acesso ao mercado chinês do que já tem atualmente, uma vez que o comércio entre Estados Unidos e China está em rota de colisão. Hoje, os dois países já se tratam não apenas como concorrentes, mas como adversários. Esse cenário pode acabar beneficiando o Brasil”, analisou Elton.

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