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Bolsonaro está desesperado e tentativa de invalidar processo é em vão porque há provas, dizem analistas

 

A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros 33 investigados por tentativa de golpe segue provocando reações no meio político. A denúncia foi entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) e a expectativa é de que a Corte decida aceitar ou não entre março e abril. Em caso de aceite, Bolsonaro se tornará réu e será julgado.

A possibilidade de ser julgado pelo STF aumenta o desespero do ex-presidente da República e demais bolsonaristas, diz a cientista política Vera Chaia, professora na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Em entrevista ao jornal Central do Brasil, ela comentou as últimas declarações de Bolsonaro e a confusão entre parlamentares da oposição, aliados do ex-presidente que pedem anistia, com os governistas na Câmara dos Deputados.

“Eles estão desesperados, como a gente está acompanhando. A própria manifestação da bancada de oposição ontem, no final da tarde, [demonstra] que eles estão realmente preocupados, porque existe toda uma comprovação da tentativa de golpe e o Bolsonaro como realmente o líder [e] o [general] Braga Netto [ex-ministro-chefe da Casa Civil e da Defesa no governo Bolsonaro] como pessoa fundamental – ele ainda está preso.”

Na manhã desta quinta-feira (20), Bolsonaro escreveu na rede social X que o presidente Lula está nas “cordas”, fazendo referência, por exemplo, aos alimentos mais caros e que, toda vez que isso acontece, “miram o outro lado”. O discurso, segundo Chaia, tenta acenar para além do bolsonarismo e desviar a atenção da denúncia.

Em outra postagem no X, Bolsonaro falou em “acusações vagas”. A professora da PUC-SP ainda afirma que não adianta tentar invalidar o processo judicial e a delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, como busca fazer o ex-presidente. A delação de Cid é considera peça-chave na denúncia da PGR.

“O que Bolsonaro e o seu grupo querem é desviar a atenção de todo esse problema que eles estão enfrentando na Justiça com uma manifestação contra o governo e contra o presidente Lula. Agora, se isso vai dar alguma coisa, eu acho que não vai dar em nada, mas vai, sim, fazer com que uma parcela da população se volte contra o governo e apoie tudo aquilo que o Bolsonaro e a oposição estão pensando em promover”, explica a cientista política.

“Eles falam: ‘É uma narrativa fantasiosa’. Não é, existem provas, existem documentos, o próprio Bolsonaro já tinha feito – e isso foi recuperado da Polícia Federal – um discurso que ele faria depois de derrubarem e inviabilizarem a posse do presidente Lula. Então está tudo muito comprovado.”

A fala de Chaia é corroborada por Camila Rocha, diretora científica do Centro para Imaginação Crítica que integra o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CCI-Cebrap). Ela também conversou com o jornal Central do Brasil sobre os desdobramentos após a denúncia da PGR na edição desta quarta (19).

“A denúncia está muito bem embasada na investigação da Polícia Federal, que passou muito tempo recolhendo provas. É uma denúncia que não está só baseada em todos os depoimentos do Mauro Cid, mas baseada em provas concretas. É muitíssimo provável que, sim, que essa denúncia possa se encaminhar para uma responsabilização de todos os envolvidos. Eu acho muito complicado eles conseguirem uma movimentação positiva de conseguir anistia. São crimes gravíssimos e eu não vejo muito outra forma [de] que a punição não seja com prisão [de Bolsonaro]”, argumenta Rocha.

Influência nas eleições de 2026

As duas especialistas também concordam que a tentativa de golpe e o desenrolar dos processos judiciais que envolvem o caso devem influenciar o processo eleitoral no próximo ano. Em 2026, há não apenas eleições para presidente da República, como também para governadores, deputados federais e senadores.

Após a denúncia da PGR, alguns governadores aliados saíram em defesa de Bolsonaro. Um deles é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontado como um possível nome da extrema direita na próxima disputa presidencial, já que Bolsonaro está inelegível. Mas os acenos são feitos com cuidado, pontua a diretora do CCI-Cebrap.

“Certamente, eu acho que hoje o Tarcísio é o político mais bem posicionado politicamente para ter esse apoio do Jair Bolsonaro para as eleições presidenciais de 2026. Outros nomes foram cotados, o do [senador e filho do ex-presidente] Eduardo Bolsonaro [PL-RJ], o da Michelle Bolsonaro [ex-primeira-dama], mas me parece que realmente Tarcísio é o político mais próximo de, enfim, suceder o Bolsonaro na liderança da extrema direita e no campo da direita no Brasil.”

“Ao mesmo tempo, é uma coisa delicada porque se ele faz um movimento muito abrupto de já se colocar como substituto do Bolsonaro, é quase que como se ele já quisesse dizer que o Bolsonaro já está condenado. E a gente sabe que tem toda uma preocupação dos bolsonaristas em falar que o Bolsonaro ainda pode, poderia ser candidato a presidente, mesmo estando inelegível, mesmo com essa denúncia”, diz Rocha.

“Pelo que eu entendi, o Supremo vai adiantar bastante o trabalho e eles querem resolver o problema neste ano, efetivamente, porque ano que vem nós vamos ter eleições. E aí, o quadro se complica. Os documentos estão aí, eu acho que é importante que nós cidadãos estamos podendo acompanhar tudo. Todos os documentos estão sendo trazidos a público e espero que os culpados sejam punidos para não acontecer mais essa tentativa de desestruturação do Estado Democrático de Direito”, conclui Chaia.

Novo Carajás

Na última semana, a Vale anunciou o projeto Novo Carajás, com investimentos de R$ 70 bilhões para a exploração de minérios e produção de cobre no Pará. O novo programa animou o governo, mas preocupa comunidades que ainda sofrem os impactos do projeto Carajás da década de 1980.

Petróleo

A empresa petroleira estadunidense ExxonMobil anunciou que vai aumentar a produção de petróleo e gás na Guiana. A decisão tem também questões políticas envolvidas, em uma disputa pelo mercado da América do Sul.

Edição: Martina Medina

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