Neste segundo turno, candidatos apoiados pelo presidente Lula (PT) foram eleitos para a prefeitura de quatro capitais, enquanto os ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ganharam em seis.
O que aconteceu
Os nomes de Lula reúnem em especial apoios "novos". Após derrotas do PT ou de aliados, o presidente passou a apoiar publicamente candidatos da frente ampla que compõe o governo contra bolsonaristas, como em Belém e em Belo Horizonte.
Bolsonaro também angariou novos candidatos, mas deixou de lado um vitorioso. Em Curitiba, o PL está na coligação do prefeito eleito, Eduardo Pimentel (PSD), mas, irritado pela pouca exposição do seu nome, o ex-presidente passou a pedir votos para a jornalista Cristina Graeml (PMB) na reta final do primeiro turno. Ela acabou derrotada.
Como em Curitiba, em outras duas capitais houve derrota do candidato de Bolsonaro, sem necessariamente haver vitória de Lula. Em Goiânia e Manaus, os nomes do PL, apoiados pelo ex-presidente, perderam a eleição, mas, nos dois casos, os vencedores são candidatos de direita, do campo de oposição a Lula.
Bolsonaro já tinha levado a melhor na primeira etapa. Considerando apoios formais, o ex-presidente viu cinco candidatos vitoriosos, contra dois de Lula no primeiro turno.
Vitórias lulistas
Fortaleza foi a capital mais disputada do país. Com uma diferença de menos de seis pontos percentuais para André Fernandes (PL) sobre Evandro Leitão (PT), os dois passaram todo o segundo turno empatados tecnicamente nas pesquisas. Leitão levou a melhor, vencendo com 50,38% dos votos. Isso mostra a força do ex-governador e ministro Camilo Santana (PT), do governador Elmano de Freitas (PT) e de Lula, que foi presencialmente à cidade duas vezes pedir voto para o deputado estadual.
Belo Horizonte foi um dos apoios herdados de Lula. Com a derrota do deputado Rogério Correia (PT), Lula anunciou apoio à reeleição de Fuad Noman (PSD) no dia seguinte ao primeiro turno. O presidente já defendia uma aliança com o prefeito desde o início, num acordo que deve levar à candidatura do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) ao governo de Minas Gerais, mas o PT decidiu lançar nome próprio. Noman teve 53,73% dos votos e derrotou o deputado estadual bolsonarista Bruno Engler (PL), com 46,27%.
Em Belém, também. Originalmente, o PT apoiou a reeleição de Edmilson Rodrigues (PSOL), derrotado já no primeiro turno, mas Lula sempre defendeu uma aliança com o MDB do governador Helder Barbalho, que lançou o deputado estadual Igor Normando. O presidente não só declarou apoio como se encontrou com Normando na capital paraense. Neste domingo, ele obteve 56,36% dos votos e derrotou o deputado bolsonarista Éder Mauro (PL).
O PT também passou a apoiar a reeleição de Cícero Lucena (PP) em João Pessoa, depois que o ex-prefeito Luciano Cartaxo (PT) ficou no primeiro turno —em especial porque foi contra o ex-ministro bolsonarista Marcelo Queiroga (PL). Apoiado pelo governador João Azevêdo (PSB), próximo ao governo, ele foi reeleito com 63,91%.
Lula em um grande comício. Não adiantou.
Em Aracaju, a vereadora Emília Corrêa (PL) foi eleita com 57,46% dos votos. Líder nas pesquisas, ela já havia passado em primeiro lugar, mas viu o ex-secretário municipal Luiz Roberto (PDT), apoiado pelo prefeito Edvaldo Nogueira (PDT), crescer nos últimos dias. O pedetista ganhou apoio do PT, com a derrota de Candisse Carvalho (PT) no primeiro turno.
Derrotas bolsonaristas
Depois de uma escalada no primeiro turno, Bolsonaro perdeu em Goiânia. O apoio do ex-presidente catapultou o ex-deputado estadual Fred Rodrigues (PL), que substituiu o deputado Gustavo Gayer (PL), do quarto lugar das pesquisas para o primeiro lugar na urna, deixando para trás a deputada Adriana Accorsi (PT). Neste domingo, ele sofreu uma virada do ex-deputado Sandro Mabel (União), bancado pelo governador Ronaldo Caiado (União). Embora tenha contado com a maioria dos votos petistas, não se pode dizer que o empresário tenha tido o apoio de Lula.
Em Manaus foi semelhante. Com dois candidatos à direita, Bolsonaro estava do lado do deputado Capitão Alberto Neto (PL), derrotado pelo prefeito David Almeida (Avante), e Lula acabou do lado de ninguém. Almeida, reeleito com 54,59% dos votos, chegou a apoiar o ex-presidente em 2022, mas tem se afastado do bolsonarismo e se aproximado a nomes ligados ao governo, como o senador Omar Aziz (PSD-AM), o que fez com que o PL lançasse candidato.
A ex-deputada Mariana Carvalho (União), nome de Bolsonaro, foi desidratando em Porto Velho. Em uma campanha com fotos de Bolsonaro nas redes sociais e apoio do atual prefeito, Hildon Chaves (União) e do governador Marcos Rocha (União), as pesquisas indicavam vitória em primeiro turno. Passou com 19 pontos de diferença, mas ainda em clima de derrota. No segundo turno, levou a virada o ex-deputado Léo Moraes (Podemos).
Em Palmas, a deputada estadual Janad Valcari (PL) foi derrotada pelo ex-prefeito Eduardo Siqueira Campos (Podemos). Foi a primeira vez em que a capital tocantinense teve segundo turno.
Em Curitiba, o ex-presidente sofreu uma derrota em termos. Originalmente, o vice-prefeito Eduardo Pimentel, eleito hoje, era o nome de Bolsonaro para a capital paranaense. Apoiado pelo prefeito Rafael Greca (PSD) e pelo governador Ratinho Júnior (PSD), ele escondeu este apoio durante o primeiro turno, o que fez com que o ex-presidente puxasse votos para Cristina Graeml, levando-a ao segundo turno. Não foi o bastante para hoje: Pimentel foi eleito com 57,64% dos votos.
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