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A eterna ironia da guerra se repete nos conflitos de 2025

Imagem: Reprodução

A célebre frase “A guerra é um lugar onde jovens que não se conhecem e não se odeiam se matam entre si, por decisão de velhos que se conhecem e se odeiam, mas não se matam” voltou a circular intensamente nas redes sociais desde o início da invasão russa à Ucrânia, em fevereiro de 2022. Embora sua origem não seja consensual – sendo frequentemente atribuída ao piloto alemão Erich Hartmann ou remontando à antiguidade clássica -, a reflexão continua atual e dolorosamente precisa ao observarmos o cenário geopolítico contemporâneo.

O mundo de 2025 apresenta um panorama de conflitos interconectados que exemplifica perfeitamente essa cruel ironia. Na guerra entre Rússia e Ucrânia, soldados jovens de ambos os lados, muitos ainda na casa dos vinte anos, enfrentam-se em trincheiras e campos de batalha por decisões tomadas em gabinetes presidenciais. A situação se tornou ainda mais emblemática com a chegada de tropas norte-coreanas para apoiar as forças russas – jovens de um país fechado que nunca conheceram seus adversários ucranianos, mas foram enviados para morrer por alianças políticas estabelecidas por líderes septuagenários.

No Oriente Médio, o padrão se repete com variações igualmente trágicas. Em Gaza, jovens palestinos e soldados israelenses se enfrentam em um conflito que já causou mais de 54 mil mortes palestinas, enquanto as decisões estratégicas são tomadas por líderes políticos que permanecem em segurança. O recente confronto entre Israel e Irã, que já deixou 248 mortos, coloca novamente em risco a vida de jovens militares por disputas geopolíticas entre governos que se conhecem há décadas e cultivam rivalidades históricas.

A guerra civil em Mianmar, iniciada após o golpe militar de 2021, ilustra outro aspecto dessa dinâmica perversa. Jovens civis organizados na chamada Força de Defesa do Povo enfrentam as forças governamentais em um conflito que já matou mais de 12 mil pessoas. Enquanto isso, os generais que ordenaram o golpe e os líderes da resistência, em sua maioria homens de meia-idade ou idosos, raramente aparecem nas linhas de frente. Situação semelhante ocorre no Iêmen, onde a guerra civil entre governo e rebeldes houthis já causou mais de 233 mil mortes, com jovens de ambos os lados pagando o preço de disputas sectárias alimentadas por potências regionais.

A persistência dessa dinâmica ao longo da história humana revela uma das contradições mais cruéis da condição humana: aqueles que têm o poder de declarar guerras raramente são os que pagam seu preço mais alto. Enquanto líderes mundiais, em sua maioria homens acima dos 60 anos, tomam decisões em salas climatizadas, são os jovens – muitas vezes com menos de 25 anos – que carregam armas, enfrentam o frio das trincheiras e morrem longe de casa.

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