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Absurdo: Polícia estima que empresa que comprou e revendeu carne podre da enchente do Sul teve lucro de mais de 6.000%


Uma empresa do interior fluminense comprou 800 toneladas de carnes que ficaram submersas durante as enchentes no Rio Grande do Sul e revendeu a carga para mercados e açougues de todo o país sem qualquer restrição para o consumo humano, segundo investigação da polícia civil. Ontem, uma operação conjunta das delegacias de Defesa do Consumidor do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul prendeu dois sócios e dois funcionários da distribuidora, na cidade de Três Rios, a cerca de 125 quilômetros da capital. Eles são acusados de fornecer carne bovina, frangos e cortes de suínos estragados. Os agentes ainda encontraram um pacote de picanha, à venda na loja da empresa, que fazia parte do lote comprado do sul do país.

— A informação que temos é que essa carne foi “maquiada”. Antes da revenda, eles retiraram sinais de sujeira das embalagens, que ficaram em contato com a água suja e lama — disse o delegado Wellington Vieira, da Delegacia de Defesa do Consumidor do Rio.

Onde foi parar?

Ainda não se sabe quem consumiu esses produtos, que poderiam ser usados na fabricação de ração para animais. Das 800 toneladas compradas em junho do ano passado, pela Tem Di Tudo Salvados e Distribuidora, de um frigorífico em Canoas (RS), a polícia só conseguiu rastrear o destino de 17 toneladas até agora, de acordo com informações da Operação Carne Fraca. Toda a mercadoria foi transportada por 32 carretas.—

Ainda estamos investigando para onde todas essas carnes foram vendidas. A gente sabe que 15 toneladas foram para um revendedor de Minas. Ele foi ouvido pela polícia gaúcha, mas não descartamos que volte a ser intimado. Outras duas toneladas foram inutilizadas na operação que fizemos agora em Três Rios. Acabaram no lixo — contou Wellington. 

Fraude de R$ 5 milhões

Com a fraude, a polícia estima que os responsáveis possam ter faturado cerca de R$ 5 milhões. A empresa pagou apenas R$ 0,90 por quilo de alguns produtos, desembolsando por toda a carga menos de R$ 80 mil. A margem de lucro, segundo a polícia, foi de 6.150%

A empresa que revendeu a carne tem como sócios os irmãos Almir Jorge Luís da Silva e Altamir Jorge Luís da Silva. Além deles, foram presos José Luis Dias da Silva, gerente e irmão da dupla, e o diretor de Logística da Tem Di Tudo, Ciro José Marinho.

Na operação de ontem, os policiais encontraram ainda medicamentos e testes para detectar Covid-19 vencidos. Por isso, o delegado acredita que o esquema da carne seja replicada para outros produtos impróprios.

— Pelas normas sanitárias, qualquer mercadoria de origem vegetal ou animal exposta a acidentes ou, como neste caso, a enchentes, tem que ser descartada, assim como produtos vencidos. As seguradoras contrataram empresas especializadas em fazer essa remoção. Era o caso da Tem Di Tudo. Por isso, também vamos procurar as seguradoras para aprofundar a investigação.

As suspeitas sobre a companhia de Três Rios surgiram por causa de uma coincidência. A empresa fluminense revendeu 15 toneladas de carne para uma distribuidora de Betim (MG). Esta, por sua vez, forneceu seis toneladas para um frigorífico de Cachoeirinha (RS), o primeiro a negociar a carne. Verificados os lotes, descobriu-se que faziam parte da mercadoria inutilizada, que tinha sido vendida já como material impróprio para consumo humano.

— Como essa carne só poderia ser aproveitada como ração animal ou para produzir graxas, foi vendida por R$ 0,90 o quilo. Mas os produtos acabaram sendo renegociados como de boa qualidade — explicou o delegado Cassiano Cabral, da Delegacia de Defesa do Consumidor do Rio Grande do Sul.

Cabral contou que parte dessas seis toneladas chegou a ser vendida antes de os lotes serem descobertos. Mas, segundo o delegado, a empresa de Cachoeirinha não pode ser responsabilizada porque partiu dela mesma a iniciativa de procurar a polícia e relatar o caso:

— Após as enchentes, em abril do ano passado, nós registramos diversos flagrantes em cidades do Rio Grande do Sul de venda de carne que se tornou imprópria para consumo humano com a tragédia. Até as denúncias chegarem, várias delas foram vendidas normalmente e consumidas. Mas esse foi o primeiro caso confirmado de mercadorias encontradas à venda em outros estados — contou o delegado gaúcho.

O GLOBO não conseguiu localizar a defesa dos presos. Os quatro e vão responder pelos crimes de associação criminosa, receptação, adulteração de produtos e corrupção de alimentos com alcance em todo o país. A polícia ainda pode incluir a acusação de lavagem de dinheiro. A prefeitura de Três Rios informou que vai aguardar o laudo da polícia para que sejam tomadas as medidas cabíveis.

No endereço em Três Rios onde ocorreu a operação, são registradas quatro empresas em nome dos irmãos. Duas delas levam o nome de Tem Di Tudo: uma negocia itens para casa, como roupas de cama e mesa e peças para iluminação, e a outra, produtos alimentícios. Ainda funcionam ali a Racagreen Reciclagem e Sustentabilidade e Comércio Ltda e a Gold Maxx Gestão e Administração de Negócios Empresariais Ltda

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