O abate sem controle de jumentos capturados pelo Nordeste está levando a uma rápida redução no número de animais, o que coloca a espécie em risco de extinção. Especialistas defendem que a atividade seja proibida no Brasil de forma urgente.
“Estamos dando um grito de alerta porque essa é a oportunidade final para salvar os nossos últimos jumentos. Não há mais tempo, temos de parar o abate”, disse Gislane Brandão, coordenadora da Frente Nacional de Defesa dos Jumentos.
A estimativa é que cerca de 600 mil jumentos tenham sido abatidos desde 2016, quando começou a prática. Hoje deve haver apenas cerca de 300 mil espécimes no Nordeste, que quando capturados sofrem maus-tratos e causam risco sanitário aos humanos.
Em torno de 70 mil animais são mortos ao ano. Os jumentos são levados para fazendas das três empresas autorizadas de abate e exportação na Bahia. Elas matam os animais para vender a pele ao mercado chinês.
As peles dos animais são usadas para extração do colágeno, um artigo usado na medicina tradicional chinesa. Além disso, a carne que era um subproduto se valorizou nos últimos anos e vai para Vietnã e Hong Kong —mas ainda a preços bem menores. Como os animais não têm uma cadeia produtiva rentável, a atividade é extrativista e finita. O interesse deles é para retirar o eijao, que é a gelatina de pele de burro ou a cola de couro e obtido por meio da fervura da pele do jumento e é principalmente usado para problemas de circulação sanguínea e anemia.
Desde 2016, pesquisadores e ativistas criaram a Frente Nacional de Defesa dos Jumentos e denunciam que a prática os submete a extremos maus-tratos. Segundo estimativas da The Donkey Sanctuary, 20% dos animais morrem antes mesmo de chegarem aos abatedouros pelo sofrimento imposto. Os jumentos são amontoados em caminhões, depositados em fazendas sem comida e água, o que gera enormes sofrimentos e mortes.
Existem ações na Justiça que tentam proibir o abate, mas apenas uma delas com decisão favorável, dada à Frente Nacional de Defesa dos Jumentos. “Mas as empresas alegam que há outra decisão anterior que permite”, diz Gislane. Em março de 2022, o MP da Bahia pediu de forma liminar a suspensão dos abates, mas o pedido foi negado em abril de 2023. Um recurso foi impetrado e está à espera da análise da 3ª Câmara Cível do TJ (Tribunal de Justiça). O pedido é para suspender o abate até que haja uma criação regulamentada de jumentos e não haja perigo da extinção no Nordeste. No ritmo que vai, eles estarão extintos na região em alguns anos. (Uol)
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