A nova pesquisa Covitel 2023, desenvolvida pela Vital Strategies, organização global de saúde pública, e pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), apontou que 25,6% da população adulta do Nordeste tem hipertensão arterial. A pesquisa, que retrata o impacto dos riscos para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), está na segunda edição e traz dados sobre atividades físicas, tempo excessivo de tela, ansiedade e depressão. Especialista aponta que a causa é a desigualdade de políticas públicas na região.
A pesquisa Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia foi desenvolvida pela Vital Strategies e pela UFPel, a partir da articulação e financiamento da Umane e apoio da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). Foram entrevistadas, por telefone fixo e celular, 9 mil pessoas de capitais e cidades do interior de 5 regiões do país, entre janeiro e abril. A pesquisa foi realizada pela primeira vez em 2022, e traz comparação de dados entre o primeiro trimestre deste ano, do ano passado e antes da pandemia.
No Nordeste, um dos dados que mais preocupam é o de hipertensão arterial, que abrange 25,6% da população adulta. A maioria, 67,7%, tem 65 anos ou mais. No marcador de diabetes, a pesquisa apontou 9,7% da população adulta do Nordeste, sendo 12,4% mulheres. No ano passado, foram 9,1%. Neste primeiro trimestre, também foi apontado que 21,1% da população adulta tem ansiedade, em sua maioria mulheres (29,9%) e pessoas pretas ou pardas (21,9%). No abuso de álcool, 21,2% da população relata algum episódio.
“Para a região Norte e Nordeste a gente observa sempre uma desigualdade e muitas vezes de acesso. A gente tem mais diagnóstico de hipertensão e diabetes no Sul e Sudeste, não porque lá tem mais diabético e hipertensão, a gente imagina que possa ser falta de acesso a esse diagnóstico no N e NE. Consumo regular de frutas, a gente tem mais consumo na população do Sul, para a população de maior escolaridade, para a população raça/cor branca. Existe desigualdade no Brasil, então por isso a necessidade de políticas públicas que tratem todos os diferentes de formas diferentes”, afirma Luciana Vasconcelos Sardinha, gerente sênior de DCNT da Vital Strategies e uma das coordenadoras do Covitel.
Já em escala nacional, o que mais preocupa é o recorte de população jovem, de 18 a 24 anos. No consumo de frutas, os jovens são os que menos consomem (33,5%), porém são os que mais bebem refrigerante, tendo 25% falado que toma pelo menos 5 vezes por semana. Os jovens registram 90% de aumento da prevalência da obesidade em comparação com o ano passado. Em 2022, foram 9%, enquanto neste ano, 17,1%. No âmbito do tabagismo, 17,3% dos jovens já usaram cigarro eletrônico. “Já tem 8,2% dessa população hipertensa, 2% de diabéticos, e isso é consequência do aumento da obesidade, do consumo inadequado da alimentação”, afirma Luciana.
Além disso, 31,6% já receberam diagnóstico de ansiedade, 14,1% de depressão e 32,6% relatam consumo abusivo de álcool. No público jovem, 36,9% fazem os 150 minutos semanais de atividades físicas recomendados pela OMS. O que também chama atenção é o tempo excessivo de tela diário, marcando 76,1%.
No recorte de todas as faixas etárias, 41,1% da população afirma não dormir bem e 59,9% tem tempo excessivo de telas. Quem consome verduras e legumes representa 45,5%, enquanto quem consome as frutas chega a 41,8%. A prática de atividades físicas alcança 31,5%, leve aumento desde 2022, que marcou 30,3%. “As pessoas fazem pouca atividade física. A gente teve decréscimo no ano passado, que era esperado, porque as pessoas estavam em casa. Mas esse ano se mantém baixo. Não aumentou e não voltou nem aos patamares ao que estava antes”, disse a gerente sênior de DCNT.
No quesito diabetes, 10,3% da população tem diagnóstico, sendo a população de 65 anos ou mais com maior incidência (26,2%). Já em relação a hipertensão arterial, 26,6% dos brasileiros tiveram diagnóstico, prevalência nas mulheres (30,8%).
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